FIM!!!...OBRIGADA POR TODO O CARINHO DEMONSTRADO AO LONGO DESTES ANOS...,Beijinhos"
Que Bem Cheira A Maresia

31.10.05

2ª Feira


Brinquei com o lápis,
lancei-o na terceira dimensão,
tracei rectas de primeira
e usei a régua como tábua de salvação
para uma entediada,
entre quatro paredes fechada
no meio de terriveis algozes.

Verguei costas ao trabalho,
virei a cara para os papéis
e quis encontrar neles
minha alma reflectida.
Sem solução vagueei
entre o sim e o não,
o passado e o futuro,
finito e infinito,
entre todas as contradições
de uma vida de cão
perseguido pelo gato.

Pensei que o mundo estava a acabar
para além das linhas,
para além das paredes
onde me encontro e vegeto,
onde fico muda e quieta,
pensando que estou repleta
e vazia,
que os pensamentos se esgotam
que o sono me acode,
e a patroa me sacode e
me diz que saia, não para ir à praia
mas para enfrentar o mar.

Que me meta na confusão,
que desça para o metro
(que mais parece um milímetro)
e eu sinto
um ímpeto de correr, de abalar,
saltar e desejar
que as águas, de repente, se abrissem,
me engolissem,
me levassem
até ao meio deste planeta sem miolo.

Gostava, de um pulo,
poder dar a volta a tudo,
mas sei que isto é limitado,
é um papel apenas riscado, incapaz de se mover;
mas eu o trouxe aqui
contente por ele falar e dizer o que eu não digo,
que os meus dedos batem e transportam para este mundo sem fim
onde me sinto grande e, ao mesmo tempo pequena,
onde me enfastio, padeço e canto,
onde me sento e escrevo
isto que estás a ler.


Lina (Mar Azul)

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28.10.05

Bom Fim De Semana


SEI QUE VAI SER SEMPRE ASSIM

Transformo-me em fios de luz nas manhãs
Quando acordo em ti, inundada pelos teus braços
E coberta dos beijos dos restos da lua que nos aconchegou...

Digo-te "bom-dia, meu amor" a cada nascer do sol
Como se os meus dedos tocassem os teus lábios
Ainda molhados de mim e de sombras da noite...

Sei do teu sorriso quando me aninho no teu colo a cada manhã quando te beijo
E sei da tua vontade de correr até aos cantos dos meus lábios
Prolongando no espaço o teu corpo, enquanto, absorto, me desejas...

Viajo pela vida os meus dias vazios de ti,
Mas entranhada que estou na tua pele
Sei que viajas comigo pelos caminhos de um sonho só...

Sei que vou um dia atravessar as pontas dos teus dedos
Em cascatas de gotas de saliva que beberás de mim num trago só
E adormecerei no teu corpo nu deste segredo
No momento em que me deixares acabar de nascer...

Amo-te!... E vai ser assim até morrer...

Cristina Fidalgo
Obrigada Cris pela cedência do poema.
Um beijo de Nós
Música:Verdades- Caetano Veloso, Gilberto Gil e Ivete Sangalo

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A Tinta Da China...


Peguei nos nossos momentos
Escritos a tinta da china
E delicadamente
Embrulhei-os em seda fina.
Depois...
Meti-os na garrafa
Selei-a de forma inviolável
E de seguida joguei-os ao mar.
A
g
o
r
a
Aguardo que eles te cheguem
(porque sei que te vão chegar)
E que os saibas desembrulhar
Com mãos de ternura.

...


Ilusão a nossa
Quando dissemos adeus...



Lina (Mar Revolto)
Música: Tinta da china (papel vegetal)-Dulce Pontes

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27.10.05

Azuis



Eu não sou filha do mar.
Sentei-me à beira da vida
entre o azul dos céus
e a transparência opaca das águas.
Lina (Mar Azul)
Muica: Abro La Ventana-Lhasa

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25.10.05

Sabor A Sal...


Ela surgiu
Assim...
Serena e leve
Deslizando livremente
Até se sentir na boca
O gosto a sal...
Lina (Mar Revolto)
(Música:Les visages d'amour-Charles Aznavour)

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24.10.05

Devaneios


Dois farrapos ao luar, olhar longo à distância
buscamos horizontes
para lá das realidades, para lá dos infinitos
onde o sol deve nascer
em mantas de retalhos coloridos.

Cavalgamos sobre as nuvens tempestades eminentes,
a nossa união é éfemera,
dilacera o tempo presente, rasga as horas em minutos,
ambos formamos segundos.
Inventamos o que não há, criámos o universo,
esconderijo seguro,
Eternidade vã. Perfeição.

E o tempo já não existe, há o vácuo para conquistar,
um mundo muito tristonho,
um planeta de encantar, aves de arribação procurando um lugar
numa história da carochinha,
num farrapo de luar, numa coroa de hera,
nossas mão para criar.

Somos o fundo do charco
onde as pedras vão cair.
Aceitação contente, risos de prata florida,
em ternuras orvalhadas a tua mão na minha.
Com carinho.

Laivos de perfeição em procuras do impossivel,
palmilhamos a estrada, olhamos do alto a vida,
algures pela cidade rios de lágrimas perdidas:
Busca vã da eternidade. Perfeição.

Cortamos pedaços de sol, mutismo alegre contente,
brincadeiras de crianças, uma anedota inocente,
roubamos um universo
que nem sequer nos pertence.
Somos pedaços da vida, encontrámo-nos ao sol poente,
juntos abrimos a ferida,
nuvens brancas no olhar.
Busca eterna. Perfeição.

Estamos no alto da serra, espreitamos uma janela,
um pedaço de cortina, esperança a penetrar nela.
Criámos a fábula divina, uma história de ninar,
encontrámos o Pai Natal.
Duas gotas a correr, infâncias jamais perdidas,
já sem nada a perder
Inanimados da espera
Um homem, uma mulher
um ser.

Somos tábuas de salvação
num miradouro de saudade,
uma lágrima de quimera,
busca vã da eternidade.
Perfeição.
Somos nós os eternos
Lina (Mar Azul)

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21.10.05

Bom Fim De Semana


Tapas os caminhos que vão dar a casa
Cobres os vidros das janelas
Recolhes os cães para a cozinha
Soltas os lobos que saltam as cancelas

Pões guardas atentos espiando no jardim
Madrastas nas histórias inventadas
Anjos do mal voando sem ter fim
Destróis todas as pistas que nos salvam

Depois secas a água e deitas fora o pão
Tiras a esperança
Rejeitas a matriz
E quando já só restam os sinais
Convocas devagar os vendavais

Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem

Sophia de Mello Breyner Andresen

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19.10.05

Janelas Opacas

Já não olhamos pela mesma janela
O mundo que vemos através dela
Já não é o nosso
A imagem reflectida no espelho
Mostra um rio estrangulado, ressequido
As palavras antes repetidas
Foram levadas pelo vento
E o som que nos vai chegando
É o do mais profundo silêncio
Continuamos a talhar palavras
Em espaços separados
Eu aqui e tu aí
A imagem do tempo é agora a de um cigarro
Que se vai queimando lentamente
E na mesa a folha imaculada
Esperando o poema a duas mãos
Lina (Mar Revolto)

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18.10.05

Pausa...


Deixei que a noite viesse...
Nem dei por ela queda e mansa
Por entre as brumas
do meu pensamento...

Estática e ausente,
como se o mundo tivesse parado,
numa pausa de quarto crescente,
nem o corpo baloiçava
nem os dedos se moviam...
só os sonhos
rodopiavam...

Insanes e impossiveis,
não fossem eles sonhos,
tragados num céu de arco iris,
besuntados ao de leve
pela chuva incessante...

Só senti o cheiro.
O cheiro das folhas caindo,
O odor do Outono breve e
o deslizar silencioso
dos pensamentos...

E foi no silencio das palavras
e na ausência de ti
Que senti que
Não te tinha.


Lina (Mar Azul)

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17.10.05

Assim Pode Renascer Um Cantinho



«..."No princípio era o verbo..."
Das folhas mortas, tortas e revoltosas, levadas pelo vento e calcadas sem perdão, nasce o tempo, nasce a vida... tudo nasce... sem permissão
...



«Tão perto e tão distante... como se faz nascer uma gota, como se processa a ligação através dos fios baços que cruzam os céus? Mar... só o mar... revoltoso e azul, pleno de gotas, transportando o sal das lágrimas de tristeza e o choro de alegria de quem só chora por saber demais...

Gotas de um pouco de tudo, crianças grandes bebendo um café à mesa em tempos de pedaços roubados à vida frugal, em furtivas escapadelas nocturnas de deambulações...»

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